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Respeito


Por Andréa Silva Rasga Ueda em 25/06/2019 | Gestão de negócios jurídicos | Comentários: 0

Tags: Gestão do Departamento Jurídico, Gestão da Equipe, Gestão Jurídica, Liderança.

 

Já falei sobre a comunicação, importante chave para se ter um fluxo de atividades limpo e rápido em uma corporação.

Um outro elemento chave nas boas relações corporativas: respeito, que permeia todas as relações humanas.

Mais do que boas relações de trabalho e competências, o mundo corporativo deve prezar por um ambiente de trabalho respeitoso. Mas o que isso significa? Falar bom-dia, boa-tarde, segurar a porta do elevador ou da entrada? Pedir desculpas ou com licença? Esse tipo de respeitabilidade diz com as boas maneiras, as que nos foram ensinadas em família, na escola ou no dia a dia da vida, mas o respeito no ambiente de trabalho é muito mais do que isso.

Um bom gestor ou um líder deve se preocupar em alocar tempo para ensinar seus subordinados e compartilhar conhecimentos com os mesmos; saber ouvir e, eventualmente, mudar comportamentos ou posições após sugestões fundamentadas de seus subordinados; disseminar conhecimentos de sua área por outras da corporação (aqui cruzamos com o tema da comunicação); saber como e quando promover um colaborador da equipe; saber dar e, em especial, receber feedbacks, pois, o contrário disso tudo, implica nitidamente falta de respeito pelo outro.

Como desenvolver essa respeitabilidade? Simplesmente ciente de que estamos sempre em melhoria constante; não jogando aos quatro ventos frases e imposições do tipo: “faço isso há anos e é assim”; “sou gestor há anos e é desse modo que se deve fazer”; “tenho experiência e você não”; “sempre fizemos assim e assim devemos continuar”; “eu mando e você obedece”; “você é meu funcionário e deve agir como eu mando”. Além de falta de respeito, demonstra imaturidade emocional, profissional e, muitas vezes, insegurança.

Infelizmente, ainda se ouve muito disso mundo corporativo afora, em especial em departamentos jurídicos nos quais ainda existe uma gestão superior arraigada em métodos antiquados, com mente presa a velhos padrões de performance e que ainda vê na hierarquia o sistema basilar e imprescindível de gerir e liderar.

Um exemplo típico da falta de respeito para com um colaborador é promovê-lo de cargo, quer por conta da contratação de um novo colaborador que será seu superior hierárquico, na tentativa de “deixar o promovido menos descontente ou desmotivado”, quer para justificar que com isso o colaborador subiu na carreira e deixou de, por exemplo, controlar seu ponto, pois passou a ser um coordenador ou gerente, mas que, na realidade, não tem perfil de coordenador ou gestor.  

Iludir um colaborador, em especial da área jurídica (pois estes textos têm foco para departamentos jurídicos), com esse tipo de promoção é um mal para o mesmo, pois não irá performar o que se espera dele e, com isso, além de não conseguir se justificar para a posição, trará muitos problemas e dissabores, para ele e/ou para os demais, uma vez que não estará apto para o novo cargo.

Tempo de maturação numa posição; ensinamentos e treinamentos para que a pessoa possa avaliar se quer e consegue alcançar novos degraus na carreira; processos reais e efetivos de avaliação; permissão de mudança de rumos caso se sinta e defina, em conjunto, que a promoção não é o melhor caminho são ferramentas indispensáveis para se provar que existe respeito mútuo entre gestor e gerido.

E o que se dirá, então, de gestores que estragam seus relacionamentos com seus geridos simplesmente porque não sabem como lidar com um feedback negativo ou ruim: lembre-se, pesquisas de clima e avalições 360º podem não nos trazer as respostas que queremos ouvir, mas os reais líderes sabem disso e, por esse motivo, fazem questão de que tais ferramentas sejam aplicadas constantemente e de forma correta e livre de interferências.

Respeito no ambiente corporativo é, portanto, mais do que simples uso de regras de boas maneiras, é olhar além da realidade rasa que temos à nossa frente; superar o sentido de imediatismo e as soluções a curto prazo; superar a impaciência em obter resultados econômicos sem refletir sobre os resultados e impactos pessoais, subjetivos e não materiais que a busca por soluções puramente executivas ultrapassam.

Seres humanos são extremamente díspares e exigem cuidado constante na sua formação pessoal e profissional, quer por si ou, mais ainda, quer por aqueles dos quais é exigida a sua gestão e liderança. Não saber disso, ou pior, saber e desdenhar, por imaturidade, vaidade, egocentrismo ou, acima de tudo, pela síndrome do poder é relegar ao segundo plano algo que é o ferramental básico de qualquer corporação.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Ibijus


Sobre o autor

Andréa Silva Rasga Ueda

Bacharel (1993), Mestre em Direito Civil (2009) e Doutora em Direito Civil (2015), todas pela USP, atuando como advogada desde 1994, tendo atuado até 2006 em escritórios próprio e de terceiros (médio e grande portes), com grande experiência no consultivo e contencioso civil (especialmente em contratos), comercial, societário (elaboração de atos societários de Ltdas. e S.As, de capital aberto e fechado; participação em M&A, IPOs, Private Placement), bem como em transações imobiliárias e questões envolvendo mercado de capitais e compliance. De 2007 até 2018 criei e gerenciei departamentos jurídicos de empresas nacionais e transnacionais. Atualmente atuo como consultora jurídica corporativa e como diretora jurídica na startup de geração distribuída Sunalizer, com atuação nacional e internacional. Forte experiência no regulatório de energia e GD, de 2007 a 2012 e 2018-atualmente, de mercado de capitais e de construção de torres para suporte às antenas de empresas de telecomunicações (desde 2013). Professora da Escola Superior da Advocacia (ESA-SP), entre 2001 e 2002, na matéria de Prática em Processo Civil, bem como assistente de professor na matéria Direito Privado I e II, na Faculdade de Direito da USP, durante o ano de 2007. Especializações: Consultivo civil/empresarial (Contratos) e societário; M&A e atuação em estruturações de operações financeiras; mercado de capitais; regulatório de energia e telecomunicações. Meu site é: deaalex.wordpress.com. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/6450080476147839


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