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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 será positivo, resultado da parábola do Vidraça Quebrada


Por Luiz Carlos Barnabé Almeida em 03/04/2020 | Notícias | Comentários: 1

         
Na ciência econômica há uma parábola que deu origem a um fundamento da teoria econômica, que fez parte da obra do economista e jornalista francês Claude Frédéric Bastiat, com o nome original:  Ce qu'on voit et ce qu'on ne voit pas  - O que se vê e o que não se vê (1850).

Bastiat demonstra na parábola que a destruição não cria riqueza[1], ou seja, não aumenta o Produto Interno Bruto (PIB). Importante lembrar que no seu tempo, a moeda de todos os países tinha o lastro ouro.

Vamos conhecer a parábola para entender o porquê o PIB brasileiro será positivo em 2020.

[Extraído do primeiro capítulo do livro Frédéric Bastiat, do ensaio O que se vê e o que não se vê]

” Será que alguém presenciou o ataque de raiva que acometeu ao bom burguês Jacques Bonhomme, quando seu terrível filho quebrou uma vidraça?  Quem assistiu a esse espetáculo seguramente constatou que todos os presentes, e eram para mais de trinta, foram unânimes em prestar solidariedade ao infeliz proprietário da vidraça quebrada: Há males que vêm para o bem.  São acidentes desse tipo que ajudam a indústria a progredir.  É preciso que todos possam ganhar a vida.  O que seria dos vidraceiros, se os vidros nunca se quebrassem? 

Supondo-se que seja necessário gastar seis francos para reparar os danos feitos, pode-se dizer, com toda justeza, e estou de acordo com isso, que o incidente faz chegar seis francos à indústria de vidros, ocasionando o seu desenvolvimento na proporção de seis francos.  O vidraceiro virá, fará o seu serviço, ganhará seis francos, esfregará as mãos de contente e abençoará no fundo de seu coração o garotão levado que quebrou a vidraça.  É o que se vê. 

Mas se, por dedução, chegamos à conclusão, como pode acontecer, de que é bom que se quebrem vidraças, de que isto faz o dinheiro circular, de que daí resulta um efeito propulsor do desenvolvimento da indústria em geral, então eu serei obrigado a exclamar: Alto lá!  Essa teoria para naquilo que se vê, mas não leva em consideração aquilo que não se vê. 

Não se vê que, se o nosso burguês gastou seis francos numa determinada coisa, não vai poder gastá-los noutra!  Não se vê que, se ele não tivesse nenhuma vidraça para substituir, ele teria trocado, por exemplo, seus sapatos velhos ou posto um livro a mais em sua biblioteca.  Enfim, ele teria aplicado seus seis francos em alguma outra coisa que, agora, não poderá mais comprar. 

Se a vidraça não tivesse sido quebrada, a fabricação de sapatos (ou de qualquer outra coisa) teria sido estimulada na proporção de seis francos; é o que não se vê. 

Na primeira hipótese, a da vidraça quebrada, ele gasta seis francos e tem, nada mais nada menos que antes o prazer de possuir uma vidraça. 

Na segunda hipótese, aquela na qual o incidente não ocorreu, ele teria gastado seis francos em sapatos e teria tido ao mesmo tempo o prazer de possuir um par de sapatos e uma vidraça”.

Esta parábola é verdadeira quando as moedas eram lastreadas, portanto elas eram limitadas ao seu lastro, logo os seis francos, da parábola eram só seis francos.

Neste período, os Estados não podiam emitir moedas se não tivessem o lastro ouro, logo, obrigavam as pessoas e os governos a fazerem escolhas limitadas com seu dinheiro.

Nesta parábola, ou consertava a janela se tivesse quebrada ou comprava o sapato, porque a moeda em circulação eram seis francos, nem mais nem menos. Logo se não quebrasse o vidro da janela, a riqueza da sociedade seria a janela e o sapato, que juntos somariam 12 francos, representando o valor da Riqueza do país. Com o vidro quebrado o valor da Riqueza seria de 6 francos. Nos dois casos, neste ano, a produção do país seria de 6 francos, pois só um novo bem econômico seria produzido neste ano[2].

Para produzir um bem ou serviço é necessário que haja “investimento” e para tal tem que ter dinheiro sobrando, que os economistas chamam de poupança real. Quando não existia esta poupança, não era possível aumentar a produção interna bruta (PIB) do país, pois o dinheiro tinha o lastro ouro.

Com o fim do lastro das moedas, o problema ficou resolvido, com ou sem poupança real, o Estado aumenta a “liquidez do sistema econômico”[3] (dinheiro), sobrando para o investimento para a produção de bens e serviços, aumentando o PIB.

Os empresários terão “recursos” (dinheiro) e  não terão receio de investir, pois com a emissão de moeda e outras medidas tomadas pelos Governos  para aumentar também o “poder de compra” (dinheiro), suas empresas irão vender tudo que produzirem, e este fato irá indicar o aumento do Produto Interno Bruto de (PIB) de cada país.

Oportuno lembrar que no Brasil, a emissão de moeda é definida pela CF/88 Art. 21 Compete à União: VII – emitir moeda. Como todas as outras moedas, o real também não tem lastro ouro.

O coronavírus (COVID-19) é a pedra davidraça quebrada”, logo, todos os países do planeta através dos seus Bancos Centrais irão aumentar em muito a liquidez, vai sobrar muito dinheiro no mundo, principalmente a moeda mais poderosa: o dólar.

Este transbordar de liquidez internacional fará com que o Produto Interno Bruto Mundial (PIBM) aumente, e o Brasil será um dos grandes beneficiados.

Internamente, o Brasil está fazendo a lição de casa, distribuindo dinheiro para o consumidor (demanda) e para os empresários (oferta). Já estamos aumentando o PIB brasileiro construindo hospitais, fabricando muitos produtos para saúde, o setor agrícola produzirá uma das maiores safras da história para o nosso consumo interno abundante e para a exportação, muitos novos empreendimentos que irão gerar muitos novos empregos.

Com muita liquidez nacional e internacional, favorecerá o retorno, a implantação e ampliação de empresas, o que já está acontecendo ou estão no prelo para acontecer ainda este ano. O que “não se vê” a capacidade ociosa de mais de 70% das empresas, que podem voltar a produzir em menos de 48 horas. Basta observar na internet a quantidade de empresas que recrutam capital humano.

Como disse Claude Frédéric Bastiat (1850):   Ce qu'on voit et ce qu'on ne voit pas - O que se vê e o que não se vê.

 Existem muitos estudos sérios, um deles, apresentado pelo Professor Dr. Paulo Rabello, que indica três cenários de PIB. A maioria dos economistas afirmam que o PIB será zero ou negativo, até o próprio Governo do Presidente Jair Bolsonaro. Em contrapartida temos economistas que em suas pesquisas indicam também um aumento do PIB do Brasil em 2020, como o do competente economista e Presidente do Conselho Regional de Economia de Alagoas o economista Marcos Calheiros.

Mas todos os estudos não consideraram a “vidraça quebrada”, e a quantidade de liquidez distribuída por todos os Bancos Centrais de todos os países do planeta. Este transbordar de liquidez mundial, levará a um crescimento econômico, para depois ocorrer a correção natural da Recessão, “tema para outro artigo”, mas até lá todos os Presidentes estarão reeleitos, principalmente os dos Estados Unidos e do Brasil.

Quem viver, verá!


{*} Professor Barnabé, economista, administrador e jornalista. Palestrante. Divulgador da Escola Austríaca

Notas:

[1] riqueza é o significado de bens econômicos.

[2] Se toda a produção do país fosse o vidro ou sapato o PIB seria de 6 francos.

[3] liquidez do sistema econômico que é representada pela soma algébrica das posições de liquidez dos indivíduos, empresas privadas, instituições financeiras e governamentais

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Ibijus


Sobre o autor

Luiz Carlos Barnabé Almeida

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1970), graduação em Comunicação Social - Jornalismo pela Faculdade Varzeagrandense de Comunicação Social (1995), Mestrado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul - USCS (2013) e Doutorando em Direito pela Universidade Católica de Santos (2015). Pesquisador do grupo de pesquisa Gestão para o Desenvolvimento Sustentável na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Pesquisador do grupo de pesquisa Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável, na Universidade Santa Cecília. Professor Universitário nas disciplinas: Microeconomia, Mercado de Capitais, Macroeconomia, Economia Internacional, Mercado de Capitais, Economia Política, Direito Econômico, Metodologia Científica, Administração Geral, Jornalismo Econômico, Finanças Empresariais, Logística, História do Pensamento Econômico, Economia Empresarial e Economia de Finanças. Professor Universitário na UNIP Santos e FATEC Santos. Vice-Presidente da Ordem dos Economistas do Brasil - OEB, Membro da Ordem dos Economistas do Brasil (1975). Diretor de Relações Institucionais da ABCONT - Associação Brasileira de Contribuintes. Membro da Escola Austríaca (1990). Consultor Educacional de IES. Consultor Tributário. Palestrante. Diretor Editorial da Editora LCBA. Diretor Cultural da ADESG/SANTOS. Delegado Municipal do CORECONSP em Guarujá.Operador da A2CAMBIO. Autor do Livro: Introdução ao Direito Econômico. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Coautor dos livros: •Participação na Coleção de 16 Volumes III Encontro de Internacionalização do Conpedi /Universidad Complutense de Madrid. Madrid ES, Ediciones Laborum. 2015. Capítulo: Zona Livre de Arbitragem: Brasil para o Primeiro Mundo. Vol. 08 pg. 144. ISBN (Internacional):9788492602988. Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações. •O CADE e a Efetividade de suas Decisões 1. ed. Apoio CNPq. Belo Horizonte: Arraes Editora/ 2014. •Gestão para o Desenvolvimento Sustentável 1. ed. São Paulo Globus/2013. •Ciência Econômica aplicada ao Tecnólogo 1. ed. São Paulo: LCBA, 2012. Artigos em Periódicos: •A política pública de assistência farmacêutica diante das demandas judiciais de fornecimento de medicamento. Revista Brasileira de Direito Constitucional, n. 22 pg. 131-142. São Paulo: RBDC, 2015. •O ensino de Inovação na Administração, Ciências Contábeis, Turismo e Tecnologia de Gestão: Um estudo exploratório em Instituições de Ensino Superior Brasileiras. RAI – Revista de Administração e Inovação, v. 9 pg. 221-244, out/dez. 2012. •Constituinte Exclusiva Já! Revista Consulex Ano XX Nº 466 15/junho/ 2016. Artigos publicados diversos veículos: Nova teoria do crescimento econômico. Law and economics. Teoria Econômica Ecológica. O CADE e a efetividade de suas decisões. Zona livre de arbitragem: Brasil para o primeiro mundo. O vidro da janela quebrada. Direito Econômico Internacional. Economia Internacional. O Estoque de Conhecimento e a Inovação. Arbitragem e Mediação. Segurança Jurídica no Brasil. Moeda única Mundial. Custo Brasil (IN)Segurança Jurídica.Mercado de Capitais no Brasil. Palestras para 2019: 1.Desenvolvimento Econômico Sustentável e Inovação. 2. Revolução Industrial 4.0 3.Economia Circular - Como criar um Mundo em que o lixo não existe?


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Comentários 1
NARCISO FILHO
NARCISO FILHO
Sendo bem simples. A emissão de dinheiro já levou a derrocada do Brasil várias vezes. Emissão de moeda não gera riqueza, mas a ilusão de dinheiro. Aumento de produção e do comércio internacional gera recursos. O Brasil tem potencial muito superior que a China para ser o maior produtor de todo os tipos de mercadorias mas nossa política é tacanha, míope .

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